sábado, 12 de julho de 2014

Forjando a armadura


Nego-me a submeter-me ao medo.
Que tira a alegria de minha liberdade.
Que não me deixa arriscar nada.
Que me torna pequeno e mesquinho, que me amarra,
que não me deixa ser direto e franco, que me persegue.
Que ocupa negativamente  a minha imaginação,
que sempre pinta visões sombrias.


No entanto, não quero levantar barricadas por medo do medo.
Eu quero viver e não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por medo de ser sincero.
Quero pisar firme porque estou seguro, e não
para encobrir o meu medo.
E, quando me calo, quero fazê-lo por amor e não
por temer as consequências de minhas palavras.


Não quero acreditar em algo só
pelo medo de não acreditar em nada.
Não quero filosofar, por medo
que algo possa me atingir de perto.
Não quero dobrar-me só porque tenho medo de não ser amável.
Não quero impor algo aos outros pelo medo
de que possam impor algo a mim.


Por medo de errar, não quero tornar-me inativo.
Não quero fugir de volta ao velho, o inaceitável.
Por medo de não me sentir seguro de novo.
Não quero fazer-me importante
porque tenho medo de ser ignorado.


Por convicção e amor, quero fazer o que faço
e deixar de fazer o que deixo de fazer.
Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao amor
e quero crer no reino que existe em mim.


Rudolf Steiner